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Mostrando postagens de outubro, 2020

O Isolamento Devido ao Covid-19 e a Síndrome da Cabana

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  Depois de meses em isolamento social nesse ano de 2020, é normal que sintamos certo desconforto ao sair de casa. Um certo temor, como se vivenciássemos o novo de novo. Por natureza, tememos o novo, a fim de que examinemos melhor os riscos e as possibilidades de enfrentar uma nova situação. Agora, se voltar a se relacionar traz muita ansiedade, medo de que algo ruim vai acontecer, interfere no sono e provoca mudanças fisiológicas intensas, se pode começar a falar em síndrome da cabana . Essa síndrome, provavelmente, foi observada pela primeira vez nos Estados Unidos, lá pelos idos de 1900, mais precisamente nos sujeitos que participavam da corrida do ouro. Eles eram compelidos a passar longos meses enfurnados em uma cabana, completamente isolados. Só que, após esse período, ao invés de haver satisfação e alívio por se estar de volta à civilização, na realidade, havia um medo excessivo de se relacionarem, além de desconfiança das pessoas, ou seja, uma intensa ansiedade. Apesar do n

O Aluno e a Solução Nossa de Cada Dia

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     Nesse terceiro texto sobre o processo de aprendizagem, vou falar de possíveis intervenções para o aluno ansioso. Falarei, mais precisamente, um pouco sobre o transtorno de ansiedade social. Ele não conversa em sala de aula, faz tudo em silêncio e nunca rebate o que o professor propõe. É o aluno perfeito, não é mesmo? Será? É preciso cautela quando se presencia casos assim. Alguns daqueles que se encaixam nesse tipo de comportamento passivo, posteriormente apresentam problemas, como desinteresse pela aula, baixo rendimento, agressividade e, por fim, abandono da escola. Uma vez apresentados os problemas, o que o professor pode fazer? Primeiramente, comparar como era esse aluno antes dessa situação problemática com o agora, quando e como começou. Ficar atento aos sinais, sintomas, se é ocasional ou habitual.   Suponhamos que, apesar dos pesares, ele ouve e enxerga bem e tem boa compreensão dos conteúdos. Isso é indício de um bom prognóstico. De todo modo, o quanto antes, é bom

Por que Ainda Acreditamos em Políticos?

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  Você já parou para pensar por que ainda acreditamos em políticos? Em como tendemos a acreditar mesmo nas ideias mais improváveis que eles divulgam? Se você já pensou é um bom sinal, pois até uma explicação para aquele que crê piamente em seu candidato sem questionar algo que se oponha a esse candidato pode causar atrito. Se ainda não pensou, saiba que você não está sozinho, uma vez que somos uma espécie que crê prontamente nas coisas. A questão é: acreditamos por quê? Uma das explicações é o viés de confirmação. O  viés de confirmação  é uma disposição nossa para procurar e favorecer informações que vão ao encontro de nossos juízos previamente determinados, não levando em conta se aquelas informações são ou não corretas. Trata-se de um mecanismo inato que nos coloca em desvantagem com quem mente.  É como se nascêssemos habilitados para acreditar em mentiras. E, claro, para acreditar nas mentiras que todos contam, inclusive os candidatos.  E em se tratando de política e de mentira, o

Como Nasce o Perfeccionismo

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                             Você  —  conhece alguém ou  —  já se pegou na maior do tempo se dedicando à tarefa de não deixar falhas e evitar críticas a ponto de não conseguir se relaxar ou mesmo dormir? Gastou em um projeto mais tempo e energia do que poderia ou deveria, chegando a ficar exausto e, ainda assim, concluiu que ele estava muito distante do que  você  determinou?  O nome disso é perfeccionismo.      Alguns autores vão diferenciar entre perfeccionismo mal-adaptativo e perfeccionismo adaptativo , mas o que ainda predomina, seja qual for o “tipo” de perfeccionismo, é a conclusão de que ele traz um grande prejuízo para nossa saúde mental. Se você se submete à “perseguição pela ausência de falhas e estabelecimento de metas demasiado altas de desempenho, acompanhadas por tendência excessivamente crítica do próprio comportamento” (STOEBER E OTTO, p. 295, 2006), saiba que possivelmente você seja um perfeccionista, e isso não é nada saudável. Isso porque se procura muito mais

Novas Demandas Do Processo De Aprendizagem

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Hoje vou pegar carona no livro  A Neuropsicopedagogia e o Processo de Aprendizagem,  dos autores Schneider, Souza e Chupil (2018), e falar um pouco do contexto da aprendizagem estabelecido nos últimos anos.  Para tentar entender o motivo de o aluno não conseguir bons resultados nos estudos — seja pelo meio remoto ou não —, não ser um protagonista no processo de aprendizagem, ser um mero sujeito passivo, primeiro é preciso aceitar o ritmo que cada um de nós possui para aprender, sem contar que sempre haverá casos especiais na sala de aula — como era o meu —, o que se torna desafiador para o educador.  Portanto, não basta colocar o conteúdo de forma rigidamente igual para todos e a penas esperar resultados idênticos. O melhor é, por exemplo, identificar o motivo de dado aluno estar patinando em matemática. Será que há algum problema no lobo parietal que determina uma discalculia? Por que está com algum d ilema na família, com colega de sala, com o professor? Será que simplesmente tem d

Velhas Demandas Do Processo De Aprendizagem

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imagem: psicologiaacessível Nesse primeiro texto de uma série deles, vou apresentar informações sobre o contexto do processo de aprendizagem, seus eventuais obstáculos e possíveis intervenções. Mas antes de tudo, vou falar um pouco sobre mim, um pouco do André aluno e as velhas demandas do processo de aprendizagem.  Eu tive muita dificuldade em aprender as disciplinas, principalmente matemática. Como se não bastasse isso, também tive dificuldade na escrita, porém na minha época não havia tanta informação como se tem hoje nem estrutura para se intervir em casos como o meu. O que eu fazia então? Ia para casa e, por medo de retaliação de meus pais, mais da minha mãe e suas havaianas , diga-se de passagem, ficava estudando, tentando entender o que não havia entendido em sala de aula , pois eu temia perguntar e rirem de mim. O problema era que eu não sabia identificar esse pensamento automático disfuncional de que “iam rir de mim”, não sabia procurar evidências de que era verdadeiro, e