Novas Demandas Do Processo De Aprendizagem
Hoje vou
pegar carona no livro A Neuropsicopedagogia e o Processo de Aprendizagem, dos
autores Schneider, Souza e Chupil (2018), e falar um pouco do contexto da
aprendizagem estabelecido nos últimos anos.
Para
tentar entender o motivo de o aluno não conseguir bons resultados nos estudos —
seja pelo meio remoto ou não —, não ser um protagonista no processo de
aprendizagem, ser um mero sujeito passivo, primeiro é preciso aceitar o ritmo
que cada um de nós possui para aprender, sem contar que sempre haverá casos
especiais na sala de aula — como era o meu —, o que se torna desafiador para o
educador.
Portanto,
não basta colocar o conteúdo de forma rigidamente igual para todos e apenas esperar resultados idênticos. O melhor é,
por exemplo, identificar o motivo de dado aluno estar patinando em
matemática. Será que há algum problema no lobo parietal que determina uma
discalculia? Por que está com algum dilema na
família, com colega de sala, com o professor? Será que simplesmente tem dúvida
e, por timidez, não pergunta? Problema de visão? Ele está adaptado à
metodologia, ao ambiente escolar?
O que eu disse até aqui pode muito
bem ser sintetizado no seguinte trecho do livro:
Temos
um sujeito que aprende, que é completo e que deve atender a vários aspectos:
cognitivo, social, afetivo e biológico. As limitações e habilidades surgem no
funcionamento desse ser completo. Quando algo não vai bem, a aprendizagem não
acontece. É importante procurar explicações para as causas subjacentes desse
desajuste, que podem ser de origem metodológica, estrutural, cultural, afetiva,
social, entre outras. (Schneider, Souza e Chupil, 2018, p. 80)
Desse modo, para
se ter um resultado melhor, hoje é primordial entender o desenvolvimento cerebral.
Saber que as sinapses nos acontecem de modos diferentes e contribuem para o
conhecimento ser absorvido. Além de que, cada um tende a desenvolver mais um
dado tipo de inteligência. Enquanto uns desenvolvem mais a inteligência lógico-matemática;
outros, significativamente a inteligência corporal. Como detectar isso e usar a
favor do aluno? Primeiramente, observando
e sendo criativo.
Eu
não disse em outro texto, mas eu gostava mesmo era de jogar bola. Eu me sentia
competente para jogar bola, me interagia bem com quem gostava de futebol, fazia
o que fosse preciso para ter o direito de ir para a rua jogar bola, até mesmo
estudava matemática ou treinava minha escrita no caderno de caligrafia. Ou
seja, a inteligência que mais se sobressaía em mim era a corporal-cinestésica.
Agora,
vejamos: como
aproveitar isso em sala de aula e não apenas nas aulas de educação física? Vou
dar um exemplo simples. Será que na minha época, eu teria mais motivação para a
matemática se perguntassem para todos os alunos quanto era três vezes três, ou
se essa pergunta me fosse particularmente reformulada da seguinte maneira: a
seleção brasileira ganhara três copas do mundo, se ela
tivesse ganhado três vezes esse número de copas, quantas copas
teria ganhado?
E
em história? Se me cobrassem como estava a economia e a política em nosso país
quando o Brasil ganhou a primeira copa, eu teria mais estímulo para pesquisar
do que se simplesmente pedissem à sala: façam um resumo sobre a economia e
política do país no ano de 1958.
Lembrando
que esse é apenas um dos aspectos que mostra como a aprendizagem é algo
amplo e complexo, o que faz definitivamente cair por terra a padronização de
métodos para que os alunos aprendam em um ritmo igual. Sem contar que
existem novas atitudes dos alunos, que hoje são mais ativos e exigentes e têm o
suporte da tecnologia para aprender de forma mais independente, tendo acesso à
informação como nunca antes. Tal como há novas constituições familiares que
requerem novas maneiras de se interagir com essas famílias. Na minha época, minha mãe ficava em
casa, apenas meu pai trabalhava, algo raro hoje em dia.
Outra
coisa é que se ingressa mais cedo na escola. Ingressar mais cedo na escola tem
dois lados. Um, os pais têm menos preocupação sobre onde e com quem deixar os
filhos. Dois, se absorvem em como conciliar trabalho e apoio na educação desses
filhos desde muito cedo.
Como
lidar com isso? Como isso repercute na dinâmica familiar e que consequências
traz à saúde mental de seus membros? Algumas alternativas são: buscar uma rede
de apoio, melhorar (ou implantar) a comunicação dessa família, a comunicação
entre os pais, entre pais e filhos e filhos e pais. Cooperar mutuamente para
encontrar soluções para os problemas ao invés de procurar culpados ou focar nos
problemas. Do contrário, a ansiedade e o estresse podem sucumbir essa família.
Enfim,
essas demandas são recentes e ainda encontram resistência a respeito de
mudanças, abertura para se adequar a elas, mas devemos e podemos superar tal
resistência, e um dos meios é trabalhar o contexto aluno-professor, escola e
família também a partir daquilo que está por trás do modo de agir ante as
situações, por trás de seus pensamentos, emoções e comportamentos.
Muito bom!
ResponderExcluirVc destacou muito bem esta temática! Atualmente nós profissionais da educação temos que estar antenados quanto ao modo de aprender de cada estudante, pois cada um tem as suas especificidades. Àqueles com dificuldades necessitam do engajamento do profissional, para intervir o quanto antes, amenizando ou até mesmo sanando suas dificuldades. A parceria família e escola são fundamentais neste processo, pois como vc disse, a cooperação mútua é primordial para que os avanços aconteçam e contribuam para o desenvolvimento global do estudante.
ResponderExcluirSim, exatamente, Juliana. Meu campo de atuação é limitado, precisa da complementação de outros saberes, outros olhares, inclusive o da família, aí sim teremos um todo.
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