As Dimensões do Perfeccionismo - por que não é uma boa ideia querer ser perfeito

  

  Em um outro texto, abordei sobre as prováveis causas do perfeccionismo, principalmente as influências da criação dos pais, vinculação segura e insegura, tal como as consequências de querer ser perfeito. 

Porém ao adentrar mais no assunto depara-se com as muitas dimensões do perfeccionismo. Talvez ao ter conhecimento dessas dimensões, nos fique mais explícito e prático identificar o que pode nos levar a comportamentos perfeccionistas e, claro, planejar as mudanças desses comportamentos.

Leia mais sobre o perfeccionismo em: https://www.cogniativo.com.br/2020/10/como-nasce-o-perfeccionismo.html

A seguir estão as dimensões do perfeccionismo.

Maximização decisional: fazer uma escolha é escolher entre um número de opções; decidir, por sua vez, é assumir essa escolha. Desse modo, ter muitas opções significa maior dificuldade de decisão. Como resultado, acabamos adiando essa decisão ou nem decidindo. Procrastinamos. Para piorar, a sociedade vive nos dizendo que podemos ter algo melhor, seja um celular, um curso ou até pessoas, isso em um número “infinito” de opções.

Maximização pós-escolha: o arrependimento maximizador ocorre no pós-escolha. Você escolheu, mas começa a pensar se a escolha foi a melhor, pois começa a olhar outras opções. Toda escolha tem vantagens e desvantagens, mas o perfeccionista foca na desvantagem.

Padrões pessoais: esta é a dimensão mais comum, que diz respeito a alguém que pretende a todo custo ser altamente competente em tudo o que faz. É como se houvesse uma régua que a pessoa usa para medir o próprio valor. Assim sendo, a pessoa fica mal por não ter tido um resultado excepcional, pune a si mesma. Há ansiedade, estresse e problemas de autoconfiança. A vitória teria que ter sido como ela queria. Julga que o problema está em si mesma, mas na verdade ele está na régua rígida que ela escolheu, não nela. O resultado é a procrastinação, ela prolonga o tempo de decidir, de entregar um projeto ou tirar as coisas do papel. Vive se comparando inflexivelmente consigo mesma num padrão impossível de alcançar sem ter muito mais prejuízos do que benefícios.

Preocupação com os erros: aqui, fica evidente o medo de errar, o medo de falhar, medo de parecer menor aos olhos do outro, de ser rejeitada. Foca-se no erro, se considera um fracasso total, ainda que erre apenas em parte. A falha é traduzida por fracasso, o insucesso é uma sentença. Caso erre, não vê em si mesma nenhum valor como pessoa. Nessa dimensão, predominam estresse e ansiedade. A pessoa tem medo de julgamento e não faz o que tem que ser feito por receio de errar, o que acaba gerando mais estresse e ansiedade.

Dúvidas sobre as ações: vive em dúvida da qualidade do que faz. Refaz, refaz, mas, como está insegura, o foco é a dúvida e a insegurança.

Organização: fica bravo, estressado, sofre, nunca começa algo se tudo não estiver sempre perfeitamente organizado.

Crítica familiar: trata-se da pessoa que é sempre criticada pela família. Sente que os pais nunca acham que ela é boa o suficiente. Era sempre punida porque os pais não compreendiam seus erros.

Expectativa familiar: os pais queriam que ela fosse melhor em tudo, na escola, nos esportes, etc. Nunca era elogiado, quando fazia algo de bom, os pais diziam “não faz mais que a obrigação”.

Agora você me pergunta: como alcançar o sucesso em seus objetivos afetivos e profissionais sem sofrer ou se prejudicar? Uma boa saída é trabalhar pela excelência.

Focar na excelência: fazer com carinho, dentro dos seus limites, com o que estiver ao seu alcance e sob seu controle. Dedicar carinho a si mesmo e às pessoas. Comparar-se consigo mesmo. O perfeccionista sempre se compara com o outro, quando não se compara impiedosamente consigo mesmo.

Fonte: CALABREZ, Pedro. Projeto Autoconhecimento e Transformação. Neurovoxacademy, 2021.

Imagem: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2018/09/05/voce-e-perfeccionista-7-dicas-para-isso-nao-atrapalhar-a-sua-rotina.htm


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