Como Nos Tornarmos Aquilo Que já Somos
Seria muita
pretensão discordar com o autor, uma vez que temos dificuldade em identificar,
aceitar e privilegiar nossos verdadeiros desejos e capacidades. É preciso
paciência e perseverança para abandonarmos nossas crenças construídas
imensamente sobre regras, sejam elas vindas de nossa criação, da sociedade ou
da cultura.
Por um lado, sua verdadeira natureza é
ao mesmo tempo um refúgio e um recurso para o trabalho muitas vezes árduo que
envolve o desenvolvimento psicológico e a prática espiritual. É incrível como
as pessoas que mergulharam a fundo na mente – os sábios e santos de todas as
fés religiosas – dizem essencialmente a mesma coisa: sua natureza fundamental é
pura, consciente, pacífica, radiante, terna e sábia, e é combinada de maneiras
enigmáticas com as bases da realidade, por qualquer que seja seu nome. Embora
sua natureza muitas vezes seja ocultada momentaneamente pelo estresse e pela
preocupação, raiva e frustrações, ela está sempre ali. Saber disso é um grande
conforto.
Por outro lado, trabalhar com a mente e
o corpo para estimular o desenvolvimento do que é salutar – e a erradicação do
que não é – é crucial para o desenvolvimento psicológico e espiritual. Mesmo
que a prática seja uma questão de “eliminar as obscuridades” da natureza
genuína – tomando emprestada uma expressão do budismo tibetano –, a clareza
conquistada resulta de um processo de treinamento, purificação e transformação.
Paradoxalmente, leva algum tempo para nos tornarmos aquilo que já somos
(Hanson, 2012, p.19).
HANSON, Rick. O Cérebro de Buda. ed. Alaúde, São
Paulo, 2012.
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