A Minha, a Sua, a Nossa Ansiedade. Como Lidar?
A ansiedade não é de toda ruim, pode nos mover em direção à resolução de problemas, nos ajudar a preparar estratégias para enfrentar algo verdadeiramente perigoso, complicado ou para alcançar uma meta. O problema é quando ela nos coloca em um estado de alerta constante, prevendo sempre o pior cenário, antecipando que não daremos conta dele e por isso é melhor evitá-lo, o que termina por nos paralisar.
Para entendermos melhor quando a ansiedade se torna prejudicial e como lidar com ela, vou recorrer à seguinte situação hipotética. Seus amigos te convidavam para sair, e você se animava, mas depois de um tempo (e isso mesmo antes da pandemia do Covid-19), você percebeu que não mais se sentia bem nesses encontros, só de pensar em ir, ficava ansioso. De modo que não queria ser rejeitado, caso você recusasse o convite para ir a um desses encontros, sua saída foi, por exemplo, inventar que estava resfriado. Você ficou aliviado por não ir, sua ansiedade reduziu bastante na hora, mas logo fiou se sentindo frustrado, com raiva de si mesmo por ficar sozinho. E a cada novo convite, uma nova desculpa, até que os convites despareceram e sua solidão tomou conta. Vejamos o que está por trás disso tudo.
Quando
te convidam para se encontrar com os
amigos, temos uma situação. Situação que o leva a pensar em
ir e em seguida o faz ficar ansioso. Mas o que está passando por sua cabeça
nesse exato momento? Provavelmente que será um chato, falará besteira, vão
criticar você, “revelando” que você não é tão bom quanto julga ser, o
que recai em sua autoestima. O que está passando por sua cabeça é denominado de
pensamento automático disfuncional. Se
por um lado, ele sequencia uma reação
que faz sua respiração ficar ofegante, seu coração disparar, suas mãos suarem; por
outro, é ele que vai provocar sua recusa em ir, o que traz o alívio desses
sintomas da ansiedade. Mais precisamente, houve um comportamento de segurança, que o “livrou” de ser exposto a
possíveis críticas, por achar que falará besteiras. Pode ser que você tenha
falado, como todo mundo fala de vez em quando, algo que causasse risos, mas
você talvez tivesse a regra de não errar nunca, não errar é impossível.
Essa
visão, na grande maioria das vezes, exagera os pontos negativos, diminui os
positivos, distorce a sua capacidade de enfrentar a situação, reduzindo drasticamente
essa sua capacidade de enfrentamento. E, claro, sem perceber, você alimenta sua
ansiedade, se afasta das pessoas e as pessoas se afastam. Cada vez mais você vai
ficando frustrado consigo mesmo, ansioso e procurando se livrar dos sintomas da
ansiedade, mantendo esse círculo vicioso, que poderá se complicar com o tempo.
O que
fazer? Antes de tudo aceitar a sua ansiedade. Querer a controlar a todo custo
ou evitá-la vai deixá-lo mais ansioso. Saiba que você pensa como pensa devido à
ansiedade, não porque simplesmente quer. E que também há muitas técnicas de respiração
e relaxamento que ajudam na redução da ansiedade. Porém, o essencial é
gradualmente enfrentar essas situações ansiosas e se expor a esses temores, a
partir do menos intenso, a partir de imagens mentais sobre as situações que
causam ansiedade, por exemplo, mas esse trabalho deve ser realizado com a
orientação de um profissional.
Sei
que o momento pede cautela, porém, dentro do possível, se deve manter o contato
social, que seja pelo meio on-line. Da mesma forma, seria fundamental reativar
suas velhas amizades por intermédio dessas mesmas redes sociais.
E se
você pensar que não dará conta de retomar esses laços, não saberá o que falar?
Desafie esses pensamentos, não é porque você sente que terá um resultado
negativo ao procurá-los que isso de fato acontecerá. Ensaie o que falar e sobre
como responder aos outros. Tal como, reflita sobre o que é melhor: continuar
sozinho, ansioso, frustrado ou restabelecer seus laços e compartilhar
experiências? Além do que, se pergunte: e se fosse um amigo que lhe procurasse,
como você o trataria? Provavelmente bem, não é? Por que eles não podem ficar
felizes em terem você de volta?
Mas e
se na primeira tentativa de fato um deles te rejeitar? Pense no que de pior
pode acontecer. Pensou? Que vai ficar sozinho para o resto da vida? Isso é um
fato ou o seu pensamento? Seu pensamento. Sentiu o quê? Tristeza e raiva? Isso
é passageiro. Embora doloroso, passageiro. Ao contrário da sua solidão, que
cada vez mais se torna duradoura. Sem contar que é preciso compreender a
atitude desse amigo, que pode estar magoado pelas recusas passadas feitas por
você. Esperando uma explicação melhor. Pensou nisso?
Se
ainda assim, após uma explicação, a amizade terminou, reflita que ela foi um
ciclo que se completou em sua vida, não por sua culpa, mas por coisas que você
não pôde controlar àquela época, e porque as perdas são inevitáveis, porém você
é capaz de conquistar novas amizades. E, óbvio, pense no que de melhor pode
acontecer quando a maioria te aceitar. Outro ponto é: escute mais, mas com
atenção, com interesse, não apenas esperando sua vez de falar. E sabe aquelas
séries que você assistiu quando fechado em si mesmo? Comente sobre elas nas
conversas, muito provavelmente se interessarão, é assunto comum, principalmente
nessa fase pela qual todos estamos passando.
Nota: As informações e sugestões contidas neste artigo têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de especialistas.
Imagem:
https://blog.psicologiaviva.com.br/transtornos-de-ansiedade-generalizada/
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