Não Engane a si Mesmo - o autoengano e a assertividade (Texto completo)

    

    

    Você adianta o relógio em dez minutos e o põe  para  despertar. Ao acordar, se sente bem por poder ficar dez minutos a mais na cama. Outro indivíduo pode dizer para si mesmo que os exames laboratoriais estão bons, contradizendo e contrariando o diagnóstico e recomendações médicas.

  É assim que vive quem mente para si mesmo, isto é, se autoengana, ou simplesmente  arruma justificativas para questões "amenas" como essas. Pode ser que agindo dessa forma se consiga enfrentar melhor as situações, pode ser que tais estratégias se tornem  um meio de evitá-las. 
    Por outro lado, uma pessoa pode chegar a ter atitudes graves, como se corromper sob a justificativa de que todo mundo faz, além do mais, assim, com mais dinheiro, o sujeito pode ajudar mais pessoas. 
    A partir desse ponto podemos nos enveredar pelo campo da assertividade. Embora existam muitos outros fatores envolvidos na questão da corrupção, aqui provavelmente nos deparemos com pessoas donas de um comportamento agressivo, aquelas que não reconhecem os próprios erros, os direitos dos outros, não têm respeito pelo outro. Na outra direção, em sentido oposto, há aqueles que suportam uma relação abusiva com a desculpa de que o outro uma hora por si só vai mudar, relacionamento é assim mesmo, ou pior, por culpa do abusado é que a pessoa abusiva age daquela forma rude ou agressiva. Talvez tenha o pensamento de que aceita que pisem nela por merecer, tem a crença central de que é uma incompetente mesmo. Aqui está descrito o comportamento passivo, alguém com a autoestima baixa, ao contrário daquele que age para obter vantagens.
    Ambos estão implicados em comportamentos pouco assertivos. E o ideal e mais saudável é ter um comportamento assertivo, possuir habilidades sociais, para começar, dar sequência e terminar um diálogo, solicitar ajuda, questionar e ser questionado, exigir direitos, demonstrar satisfação ou insatisfação com algo, pedir ou recusar alguma coisa, expor ideias e pontos de vista, solicitar que o outro mude seu comportamento, criticar e aceitar críticas, fazer e receber elogios, pedir desculpas pelos próprios erros e admitir que errou.
    Como ser mais assertivo? O treino assertivo possivelmente vai ajudar a encontrar um pensamento alternativo e consequentemente um comportamento diferente para que se expresse de forma mais apropriada, o que auxiliará a restruturação cognitiva.
    Algumas dicas com essa finalidade são: Diga "eu", isso o fará ser mais responsável por seus pensamentos, sentimentos e ações, além de não culpar o outro. No lugar de falar "Você me irrita", diga "Eu me sinto irritado. Tal como, em vez de dizer “Você tem razão”, diga “Eu concordo”. Em vez de “Sabe como é, ninguém consegue decidir sobre essas questões, não é?”, diga “Eu estou com dificuldade de decidir” (QUERIDO et al, 2020).
    Para finalizar, PINKER (1997) sintetiza bem sobre o autoengano. 

O autoengano é talvez o mais cruel de todos os motivos, pois faz com que nos julguemos corretos quando estamos errados e nos encoraja a lutar quando deveríamos nos render. Nos desenhos animados e filmes, os vilões são degenerados que enrolam os bigodes e dão gargalhadas de júbilo pela própria maldade. Na vida real, os vilões estão convencidos de sua integridade (PINKER, 1997, p. 446).                                                                                                                                              

Referências

PINKER, Steven. Como a Mente Funciona. ed. Cia. das letras, 1997.

QUERIDO, Ana; TOMÁS, Catarina; LARANJEIRA, Carlos; CARVALHO Daniel; VALENTIM, Olga. Treino de Assertividade. Evidências Em Saúde Mental: Da Concepção À Ação. ed. Instituto Politécnico de Leiria, Escola Superior de Saúde. Portugal, 2020. Disponível em: https://iconline.ipleiria.pt/bitstream/10400.8/4780/3/treino-de-assertividade-Exerc%C3%ADcios%20pr%C3%A1ticos.pdf. http://hdl.handle.net/10400.8/4780. Acesso em 03 dez 2020.

TOMAS, Ana Carolina Tourinho Tomas; CARVALHO, Marcele Regine de Carvalho.Treino Assertivo para a Depressão: Uma Revisão Bibliográfica. Revista Brasilera de Terapias Cognitivas. v. 1 n. 2, 2014. Disponível em: https://www.rbtc.org.br/detalhe_artigo.asp?id=203. Acesso em 03 dez 2020.

Imagem: Portal região Oeste. Disponível em: http://portalregiaooeste.com.br/a-pesquisa-de-osasco-e-o-autoengano-2/ Acesso em: 14 de nov de 2020.

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